sexta-feira, 1 de junho de 2012


Medo de amar ? Parece absurdo, com tantos outros medos que temos que enfrentar: medo da violencia, e a não menos temida solidão, que é o que nos faz buscar relacionamentos. Mas absurdo ou não, o medo de amar se instala em nossos corações e a gente sabe por quê.

O amor tão nobre, tão denso, tão intenso, acaba. Rasga a gente por dentro, faz um corte profundo no peito, o amor se encerra bruscamente por que de repente uma terceira pessoa surgiu ou simplesmente por que não há mais interesse ou atração, sei lá, vá saber o que interrompe um sentimento, é mistério indecifrável. Mas o amor termina, mal-agradecido, termina e termina só de um lado, nunca se encerra em dois corações ao mesmo tempo, desacelera um antes do outro, e vai um pouco de dor pra cada canto. Dói em quem tomou a iniciativa de romper, por que romper não é fácil, quebrar rotinas é sempre traumático. Além do amor existe a amizade que permanece e a presença com o que se acostuma, romper um amor não é bobagem, é o fato de grande responsabilidade, é uma ferida que se abre no corpo do outro, no afeto do outro, e em si próprio, ainda que com menos gravidade.

E ter o amor rejeitado, nem se fala, é fratura exposta, definhamos em público, encolhemos a alma, quase desejamos uma violencia, qualquer vinda da rua para esquecermos dessa violencia vinda do tempo gasto e vivido, esse assalto em que nos roubaram tudo, o amor e o que vem com ele, confiança e estabilidade. Sem o amor, nada resta, a crença se desfaz, o romantismo perde o sentido, músicas idiotas nos fazem chorar abraçados em um travesseiro.

Passa a dor do amor, vem a trégua, o coração limpo de novo, os olhos novamentes secos, a boca vazia. Nada de bom está acontecendo, mas também nada de ruim. Um novo amor ? Nem pensar. Medo, respondemos.

Que corajosos somos nós, que apesar de um medo tão justificado, amamos outra vez e todas as vezes que o amor nos chama, fingindo um pouco de resistência mas sabendo que para sempre é impossível recusá-lo .

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